Estou de volta depois de um tempo que para mim foi de mudança. Mudança geral, diga-se de passagem. Mudei de casa, mudei minha rotina e posso dizer que mudei de vida. Estou morando sozinho e alguns afazeres domésticos agora fazem parte novamente da minha rotina. Novamente porque quando estava morando na casa de meus pais eles não me pertenciam mais. Pertenceram também quando estive morando no exterior. Agora sou um verdadeiro dono de casa. Lavo, passo, arrumo e cozinho. Estou completinho. E tudo isso aos 38 anos de idade. Montei minha casa tentando não esquecer dos mínimos detalhes como, por exemplo, um dosador de medidas, passando por um funil e um espremedor de alho. E isso sem ainda estar na reta para casar. Mas isso é outra história.
Agora o que não é outra história é a dificuldade que consigo enxergar do Brasil mudar. A dificuldade que vejo do povo brasileiro de forma geral em querer mudar. Em querer evoluir, em querer crescer. Sei que mudar não é fácil. É um exercício que tem de ser encarado de frente, de peito aberto. Eu encarei isso. E não me arrependo. Mas mesmo estando um pouco afastado da "net" e da minha coluna que acabou tirando férias forçadas, achei que dessa vez o nosso povo iria querer mudanças para o ano novo que logo logo estará despontando. Fiquei acompanhando as notícias, os debates, as pesquisas e fui ficando preocupado. Quando Lula não venceu de cara no primeiro turno, achei que algo mágico tinha acontecido. Cheiro de mudança no ar. Não estou aqui dizendo que o outro candidato fosse ser perfeito, mas sem sombra de dúvida não iríamos assinar o atestado de idiotas que reelegem um homem com escândalos até o pescoço, e que tem ainda a coragem de dizer até hoje que não sabia de nada. Onde membros do seu partido estão envolvidos no maior escândalo até hoje já visto na história desse país. Mas essa assinatura acabou sendo feita. Não por mim. Nunca. E não por todos. Mas por uma parcela da população que deve pensar que enquanto tiverem ganhando o seu salário, enquanto o bolsa família estiver pingando em suas mãos, que se exploda o resto. Que roubem o que quiserem, o quanto quiserem. Só não tirem meu bolsa família.
Não vejo e nem perco mais meu tempo procurando alguma explicação para isso que acaba de se concretizar que é a reeleição do Lula. Isso é algo inusitado.
Estou aqui nesse exato momento sentado no meu pequeno e improvisado escritório no que foi um dia um quarto de empregada, e ouço na sala a voz irritante do "novo" presidente do Brasil. E fico até que meio desnorteado. Meio que não acreditando no que vejo e ouço. Será que tudo isso é um sonho ?? Na certa é um pesadelo e dos bons. Tenho hoje pavor, pois não sei o que vai acontecer amanhã. Como dizem, o mercado financeiro amanhã quando acordar de mais um fim de semana, irá ditar o que pode vir pela frente.
Minha vontade é de gritar a minha revolta. O que se passou na cabeça de todos que deram seu voto ao Lula ?? Nem todos esses escândalos, dossiês, CPIS, quedas de ministro bastaram para ver que há algo de podre em Brasília ?? Não é nem mais no reino da Dinamarca, é em Brasília mesmo. Caramba !!! Não dá para acreditar ainda. Prefiro nem ver as manchetes dos jornais amanhã. Minha vontade é de sumir por quatro anos. Ir para qualquer lugar. Até para a Dinamarca. Mas eu não vou. Nem poderia agora. Afinal, estou de casa nova e não tive medo de mudar. Mesmo não sabendo como irá ficar o comércio, mesmo não sabendo se irão criar um novo imposto ou aumentar os que já existem. Mudei na cara e na coragem. Espero que meu salário consiga pagar todas as minhas contas...
Mas enquanto a conta não chega fico no que posso chamar de dilema do "será". Será que por saber já de antemão o que o governo do Lula é capaz esses que votaram nele já sabem o que podem esperar ?? E assim sendo já conseguem montar suas estratégias para sobreviverem por mais quatro anos ?? E por isso mesmo preferiram continuar como estavam ?? Será que eu é quem fui idiota em enfrentar uma mudança radical ou não aos olhos de outros ?? Será que eu deveria ter ficado na casa de meus pais por mais quatro anos ?? Uma coisa é certa, se tivesse optado por isso o meu cartão de crédito não teria tantas despesas das Casas Bahia, do Submarino.com e da Casa & Video para pagar, ainda mais durante um ano. (aproveitei a super luquidação onde parcelei tudo em 12 vezes sem juros).
Enfim, agora é só me resta levantar e sacudir a poeira do tombo que levei. A gravidade do tombo só poderemos ver nos próximos quatro anos. Até lá o que posso fazer é tratar da ferida com mercúrio cromo (para não arder) e muito band-aid. Talvez valesse tomar uma anti-tetánica e aumentar o estoque de aspirina, tylenol, isordil, lexotan e dormonid.
E não pensem que sou hipocondríaco.