Difícil começar. A tecla backspace nunca foi tão usada por mim. Não gosto de ser repetitivo. Gosto de poder na medida do possível a cada semana falar de um assunto diferente, mesmo que seja com o mesmo personagem.
Infelizmente os últimos fatos não me deixam, não me permitem. Mal a semana começou e já temos mais duas novas vítimas da truculência policial, do despreparo, da impaciência, da imprudência. Da pouca valorização da vida. Semana passada quando o pequeno João Roberto sua mãe falou que seu filho não era uma estatística, que alguma coisa teria que ser feita. E pelos fatos que se sucederam, infelizmente parece que João é mais um número e mais um nome numa lista interminável de vítimas de uma violência deslavada e muito cara.
O que falar para as famílias da jovem Rafaeli Ramos Lima morta por engano pela polícia de Porto Amazonas no Paraná e para a família do administrador Luiz Carlos Soares da Costa morto aqui no Rio de Janeiro?
Será que o secretário de segurança e o governador irão pedir novamente desculpas? Sei que essa mudança de comportamento que esperamos não poderia ser da noite para o dia, mas alguma coisa já deveria ter sido feita. Bastaria uma ordem para que antes de qualquer policial atirar houvesse uma certeza ou a sua luta pela própria vida, ou se houvesse uma ação da outra parte. Mas não atirar primeiro para ver depois quem é. Duvido que isso esteja nos manuais.
E com isso o que antes era um alívio para nós, passa a ser sinônimo de medo, de dúvida, de insegurança também. Há pouco tempo atrás, quando não víamos patrulhamento nas ruas sentíamos uma vulnerabilidade atroz, mas hoje, quando vimos policiamento um imenso ponto de interrogação surge e a pergunta que não quer calar sobe pela nossa garganta: Estamos seguros?
E agora José? Tem uma pedra no nosso caminho. Aliás, uma pedreira.
Sinceramente, não sei mais no que acreditar. Nem mesmo mais o que fazer. Nossa indignação parece ser pequena diante do tamanho que é o problema. Promessas da outra parte de que isso não ficará assim, que vamos acontecer, que vamos fazer, está virando piada. Vamos fazer? Já deviam estar fazendo. Vamos acontecer? Já devia ter acontecido.
E o mais estranho é que até hoje, não escutei nenhuma declaração do nosso presidente que está mais preocupado sei lá com o que. Esse assunto da maneira como está, deixou de ser um problema regional, um problema de uma só cidade. É um problema de uma nação. E por isso o presidente Lula deveria dar alguns minutos de seu tempo e falar para uma nação cada vez mais refém do seu próprio medo. E o seu Lula calado como uma porta. Aliás... Melhor ficar quieto.
É assim que estamos então, reféns da violência dos bandidos, e reféns do medo da polícia.
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