sexta-feira, abril 08, 2005

Vivendo no Rio de Janeiro...®


O Ministério da Saúde Adverte: Viver no Rio de Janeiro, pode causar infarto devido a fortes emoções, ferimentos por bala perdida e câncer no nosso direito de viver.


Na verdade, o nosso maior problema aqui, na cidade maravilhosa, não está nas músicas, cartões postais ou em um local ou bairro específico. Parece que paralelo a crise da saúde, que aqui também habita, temos um surto de violência como nunca foi visto antes.


É o nosso câncer, e que está longe de acharmos a cura. Por mais que o homem tente lutar contra ela, buscando fórmulas, esse vírus, ou esse câncer, ganha novas variantes e se propaga cada vez mais, e cada vez mais forte.


A nossa violência, pode vir de diversas formas e de todos os lados. A qualquer hora. Do dia ou da noite. Até de madrugada. Ela não descansa, ela não dorme, ela não para.


Por esse motivo fui buscar a origem da palavra violência no pai dos burros, mas desisti a caminho da letra "v". Para ser mais honesto no “c”, de continuo cansado com certeza, já tinha desistido. Mas aqui não acharia nada mesmo.


Mas como nada nasce do nada, pois isso iria contra todos os estudos científicos, teria de haver um “pai” da burrada chamada violência. E vi claramente, que o homem é “ô” homem. É ele. Ele é o pai da criança. Mas não chamaria esse “pai” de ser homem, muito menos de ser humano. Pois a violência não é humana. É abominavelmente desumana.


Não estou falando somente da violência imposta por marginais, que nos obriga a nos esconder cada vez mais dentro de nossos ninhos cercados de grades, alarmes, quartos blindados. Falo da outra violência cometida também contra nós, mas talvez mais sutil que passa desapercebida. Ou não.


Há alguns dias, houve uma matança, onde sabe-se hoje, policiais militares, executaram 30 pessoas, entre trabalhadores, estudantes, comerciantes, crianças, sem motivo nenhum. Ou mesmo que houvesse um motivo, nenhum motivo justificaria tal ato. Simplesmente foi escolhido o local e as vítimas. Acontecimento esse que foi notícia no mundo. Esse tipo de acontecimento é notícia e roda o mundo. E nos expõe como uma cidade violenta e sem xerife.


Mas existe outra violência que não roda o mundo, ganha algum destaque no jornal local, às vezes nem isso, e no dia seguinte, talvez, uma notinha pequena no canto de página, e depois, não se fala mais nisso, até que aconteça novamente, e de início a um novo ciclo.


E essa violência me incomoda muito. É a violência que não nos deixa nem mais ir a uma boate, onde também há dias atrás, num bairro nobre do Rio de Janeiro, 20 rapazes espancaram outros dois jovens, sendo que um dos espancados, pode ficar cego. E tudo isso numa boate, onde se vai, ou se ia para se divertir.


Ou é a violência que não poupa nem os idosos, onde um senhor ficou com a perna presa ao tentar descer do ônibus 177 (Central-São Conrado), porque o motorista não pôde esperar e arrancou com o ônibus em plena Avenida Atlântica, e ele foi arrastado alguns metros. Ele teve sorte, mas nem tanto quanto uma senhora, que faleceu ao cair de um ônibus enquanto descia porque o motorista também arrancou. Talvez isso, seja a causa do tiro dado por um jovem com uma espingarda de chumbinho no vidro de um ônibus, por pura diversão, cena que ocorreu num condomínio de luxo, ou seria lixo, de classe alta da Barra.


Fico somente pensando que mesmo que o mundo mostre que a cada dia evolui mais, que mais são as novidades tecnológicas, que mais se vem avançando na medicina, que cada dia fica mais fácil viver diante de tanta coisa nova, o próprio responsável por esse mar de coisas boas, é também aquele que mostra nenhum indício de evolução de seus princípios, de sua índole, de sua vontade de acertar no quesito humanidade, no respeito. Parece que isso segue uma variante proprocional, tipo se a evolução tecnológica é de 20%, a (dês)evolulção humana é também de 20%. Mas diante de tantos absurdos, começo a achar, que essa proporcionalidade está acabando e ficando em desvantagem quando o que está em jogo é a nossa própria existência.

Nenhum comentário: