Há dois dias atrás estava estampado nos jornais: "Bala perdida mata menina". Essa manchete apesar de não ser novidade para nós, infelizmente, me fez pensar um pouco. E pensei e percebi que de bala perdida ela nada tem. Aliás, todas essas "balas perdidas" tem um endereço certo. Uma criança que passava na hora do tiroteio, uma senhora aposentada que esperava na fila, uma mãe de família que saia do supermercado, um jovem que andava de bicicleta, uma criança que brincava no quintal de sua casa, um homem que simplesmente dormia. Fora outras centenas de endereços certos e não perdidos.
Ainda não li, não ouvi, que alguma "bala perdida" tenha matado um marginal que assaltava uma velinha, um marginal que dormia no carro roubado, um marginal que "trabalha" como olheiro, um marginal que saia do supermercado depois de fazer compras com o dinheiro roubado na véspera. Essa bala que teima em nos achar passa longe dessa gente que nem gente é. Sugiro mudarem o nome dessa bala que nos atinge. Dessa bala que destrói sonhos, desintegra famílias, mata mães e pais que perderam seus filhos e provoca lágrimas em crianças que se tornam órfãos.
Sei que não sou nenhum membro da Academia Brasileira de Letras, nem de longe o professor Pasquale, mas sou sim, um cidadão comum, que aprendeu a gritar quando se sentiu ameaçado. E eu grito. E vou gritar sempre. Não importa a hora, não importa o dia. Vou gritar aos quatro cantos do mundo, do Oiapoque ao Chuí, até que a minha voz ganhe força, até que o meu grito seja o grito de outros milhares de brasileiros que estão exaustos disso tudo, dessa violência que tomou conta de nossas vidas.
Vou gritar até não agüentar mais, até a exaustão. Quero ser ouvido, quero ser atendido. E isso não é só um desejo meu, mas sim um desejo coletivo. Um desejo de quem ainda não perdeu um filho, um pai uma mãe assassinados por nada. Por um tênis, por um carro, por um celular.
Precisamos de ação, de vergonha na cara e de um pouco de vontade por parte de políticos, governo federal, e de quem for. Em vez de ficarem discutindo hoje aumento de salários, aumento de bonificações para uma categoria, pois isso irá gerar insatisfação de outras categorias que irão exigir também um aumento, e enquanto eles discutem entre si de quanto será esse aumento, mais um de nós morre, mais um de nós é assassinado. E eles lá, teimam em dizer que nessa hora, não é uma boa hora.
Ah, não é ?? Quando será ?? Quando a mãe ou um filho de um figurão desses for vítima de algo assim, ai sim será a hora ??Precisamos de alguem que de um basta nessa gastança desenfreada de transferência de presos. Só o Fernandinho Beira-Mar, no ano passado e nesse que ainda nem bem começou, já viajou mais que eu. Se o programa de milhagem dele for da Varig, não sei não....
O Brasil é um país que tinha tudo para dar certo. Era. Pois não temos ainda no poder pessoas sérias o suficientes para fazer o Brasil tomar outro rumo. São poucos os que querem. E às vezes, me pergunto se o povo mesmo quer que algo mude. Pois colocar o Lula presidente pela segunda vez... Ninguém merece. Eu pelo menos não. Aliás, Lula não é e nunca foi presidente. Lula para mim, está presidente. E há uma enorme diferença nisso.
Pensem a respeito, pois o aeroporto mais próximo é logo ali.
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