quarta-feira, abril 22, 2009

Pedindo Passagem ®


Até bem pouco tempo Pedindo Passagem seria somente o nome de um blog. Meu blog por sinal. É eu tenho um blog. Vocês acreditam nisso? Que coisa né? Um blog.

Pois é. Mas então...

Mas então, antes de qualquer coisa quero deixar claro que não servi de inspiração para nada e para ninguém até porque isso já vem acontecendo (acredito eu) até bem antes de eu nascer. Talvez venha já dos tempos das caravelas. Who knows?

Acho que nem ele sabe.

Alguns devem estar se perguntando ou pensando que este escrevinhador ou articulista como preferirem me chamar está louco ou com alguma síndrome. Talvez com a síndrome das pessoas que não aguentam mais ver seus políticos fazendo certas coisas ou quase tudo que os reles mortais sabem que não podem, mas que todos de lá acham a coisa mais normal do mundo. Como por exemplo, que um deputado, um senador e ministros de Estado que são na verdade deputados licenciados façam a farra das passagens aéreas por talvez acharem que ninguém vai ver, que é normal, afinal “sois deputado” ou talvez quem sabe, achem que ganham pouco para terem essas despesas pagas do próprio bolso ou ainda por acharem que as regras não estão bem claras.

Mas como diria Arnaldo César Coelho: “A regra é clara”.

E se eles lessem então um pouco mais, estudassem um pouco ou soubessem um pouco mais sobre a Constituição Federal, veriam que estão incorrendo num erro e ferindo o que se chama de princípio da legalidade que diz que o agente público só pode fazer o que a lei autoriza expressamente. Eu não inventei nada. Está lá. Em seu artigo 37, mas também nos artigos 5º, II e XXXV, e 84, IV. É só abrir, ler e tentar entender. Talvez seja esse o problema deles. Entender.

Senhores deputado-galã, deputados, senadores e ministros, não se pode dar passagem para esposas, namoradas, filhas, sogra, amigos, papagaios (cuidado que esses podem falar), periquitos, cachorros, agregados, artistas. Nem o celular pode! Mas tem gente que até isso dá, né Tião?

Nossa Brasília de nosso Brasil varonil acaba de ganhar mais um título. Virou além de terra de Marlboro, terra de Papais Noéis. Onde o natal é o ano todo. É serviço 24 horas.

É incrível ver nossos políticos tão benevolentes. Isso deveria nos encher de alegria e orgulho. Afinal dar alguma coisa é sempre um ato de bondade. Alto lá! Nem tudo que se dá é ato de bondade. Mas tem gente que gosta de dar e pronto. Independentemente se vai ou não receber alguma coisa em troca. Nem estou falando de dinheiro.

Vai ver abriu-se as portas da esperança em Brasília. Ou é um novo programa do governo, o bolsa passagem para deputados, senadores e ministros. Se bem que como disse essa prática já deve vir lá das caravelas. Talvez estejam somente renovando o programa. Deixando ele mais moderno. Mais enxuto.

É pode ser isso.

Mas também pode ser outra coisa. Claro, afinal onde já se viu deputado dando alguma coisa?

O máximo que podemos ver é assessor de prefeito, por exemplo, comprando uns votos por “cinquentinha”. É por apenas R$ 50,00 seu voto pode ser meu. Meu não. Dele lá. Tenho pra mim que isso é coisa de garotinho mimado que não teve educação. E olha que ainda nem estávamos na crise marolenta que virou resfriado e que é uma tempestade. Imagina, hoje então, quanto não se pagaria por um voto.


Na crise...

E falando em crise, estou em plena crise de consciência. E fico assustado, pois começo a achar que não conheço mais ninguém. O primeiro foi o ex-secretário de segurança do Estado do Rio, Álvaro Lins que achei que fosse um primor de idoneidade e deu no que deu. E agora vem o Gabeira em quem eu votei para prefeito, e vejo ele na farra das passagens. Até tu Gabeira?

Mas isso não se restringe ao Gabeira. Até quem deveria dar a direção certa das coisas pecou com as passagens. Eu que não temia que isso fosse acontecer. Não com eles. Mas aconteceu. É pra Temer nas bases. ACM Neto que o diga.

E como diria o slogan: “aconteceu virou manchete”.

Não me culpem. Está em todos os jornais. Não tem como esconder. Hoje é público e notório.

Não podemos prescindir disso. Temos que fazer alguma coisa. Nós como povo, como brasileiros, como cidadãos pagantes de impostos e também dos salários deles.

Não podemos simplesmente sentar e assistir ao show sem vaiar. E aceitar qualquer coisa como desculpas ou como solução.

Uma das soluções apresentadas seria criar um outro cartão corporativo ou incorporar a verba das passagens ao salário.

Agora alguém me segura que estou subindo nas tamancas. Pareço estar calmo, aceitando tudo com muita naturalidade, mas não estou não. Não tem como.

Não tem como o presidente da Casa, Michel Temer depois de admitir que sua esposa foi a Paris que é logo ali e outros cinco parentes a Porto Seguro continuar presidente. Se fosse no Japão, ele pediria para sair e estaria envergonhado. Mas aqui que não é o Japão...

Queria só ter acesso ao balanço das fábricas de óleo de peroba. Eles devem estar sorrindo à toa. Os negócios nunca tiveram tão promissores.

Promissor só não é o que virá pela frente. E o que virá? Essa é a pergunta que não quer calar.

Mas podemos imaginar e nem é preciso usar muito a nossa imaginação. Imaginação quem tem de sobra são eles. Que a cada dia inventam algo novo. Inusitado. Que quando vem à tona simplesmente cobre o que já era podre antes e direciona as atenções para a nova matéria do dia. E o que ontem era notícia grande hoje é nota de rodapé. E a vida segue em Brasília sempre na maior das calmarias.

Mas se esses ocupantes dos cargos mais cobiçados e importantes do país que não se abalam com a imagem que eles têm perante nós, até porque na cabeça deles o povo sempre esquece, (O que não deixa de ser verdade. Severino Cavalcanti, Collor, Renan Calheiros e outros que o digam. Até Zé Dirceu ensaia sua volta.) deveriam temer alguém. Sei lá quem, alguém. Nem que fosse a liga da justiça. Àquela formada pelo Batman, Robin, Mulher Maravilha, Super-Homem.

Melhor apelar a essas pessoas, até porque estarão batalhando com seus semelhantes. Pois muitos de lá, se acham verdadeiros super-heróis. Só que deve ser do mal. Só pode ser.

Não pode ser é o presidente Lula assistir isso de camarote e não se pronunciar ou não exigir que nada seja feito. Se ele mesmo demitiu o presidente do Banco do Brasil por causa dos juros altos, alguma coisa ele pode fazer. Alguma coisa ele deveria fazer. Mas como ele tem avião próprio e leva quem quiser a bordo, a festa das passagens não deve estar incomodando tanto.

Isso porque não sai do bolso dele. Mas do meu, do seu, do nosso.

E se a imagem do meu, do seu, do nosso país fica um pouco manchada aqui e lá fora isso não é problema. É só abrir uma torneira e o problema está resolvido. Não é também à toa que o gasto da Presidência com publicidade subiu 24,9%.

Só mesmo um bom publicitário para fazer com que acreditemos que vivemos num país de contos de fada, cheios de papais noéis, gnomos, duendes, fadas madrinhas, onde educação e saúde não são problemas, e também no país de um presidente que é “o cara”.

Mas enquanto eles fazem a propaganda deles, eu faço a minha.

Salvem as baleias. Não joguem lixo no chão. E não fumem em ambientes fechados.

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