sexta-feira, abril 24, 2009

Proposta®


Aproveitando que foi niver do rei Bob Carlos, “o cara” da música segundo sei lá quem – vale registrar que gosto das músicas de Bob – pois agora virou mania presidentes acharem que sempre tem um fulano que é “o cara”. Primeiro Obama falou do Lula, depois veio Sarkozy e disse que quem era esse tal cara era Berlusconi. Quem será então o próximo presidente a nomear o seu cara? Proponho então uma grande eleição aproveitando o mundo cibernético para eleger então de uma vez por todas “O CARA”. Eu ainda acho que é o Romário. Ele também.

Mas não vim aqui para falar do Romário, de quem é ou deixou de ser “o cara”. Não.

Outro motivo me fez pular do sofá e correr para o computador. O jornal. Não precisei nem acabar de ler a reportagem toda. Só com o título já teria ingredientes suficientes para preparar uma torta de banana e mandar para ser servida no dia da votação no plenário lá em Brasília.

Até porque se nos dão uma banana porque não podemos retribuí-la?

Pois para mim, nas entrelinhas o que deputados estão fazendo com a questão das passagens e com a discussão em torno do assunto, é dando uma banana bem madura na cara de cada um de nós. Metaforicamente falando.

Então sem mais metáforas, hipérboles, metonímias, mandei um fax para o rei Bob Carlos, e pedi emprestado o nome de sua canção para dar vida a meu artigo. Até teria outras idéias de título, mas essa seria a mais apropriada e com certeza a mais amena.

Beira ao ridículo toda essa história. Mas com passagens tão emotivas que me fazem quase chorar, lágrimas de crocodilo.

Escutar do deputado Sílvio Costa (PMN-PE) que a família faz parte do mandato me comove tanto que chego a pingar no persa. E quando entra a fala do deputado Domingos Dutra (PT-MA) de que daqui a pouco vamos querer que ele ande de jegue, more em palafita e mande mensagem por pombo-correio, a minha sala inunda.

São tantas emoções...

Não sei se alguém já atentou para o final da história. Mas as muitas idas e vindas do que seria feito está sugerindo que haverá um banquete de pizzas em Brasília. E que no final todos ficam amigos e continuarão vivendo felizes para sempre. Seja o baixo clero ou o alto clero.

Pelo visto a questão das castas chegou à Brasília. Da Índia diretamente para Brasília. Eu arriscaria dizer que em Brasília dever ter uma casta soberana, a dos dalits. Pois no final, todos são e se acham intocáveis.

Mesmo assim compartilho minha proposta com vocês que me leem e me escutam. Proponho que em vez de levaram a questão se parentes teriam ou não direito a usar as passagens ao plenário, fizessem dessa votação um júri popular. Isso mesmo. Pois o que eles irão fazer é seu próprio julgamento. É como se colocasse Fernandinho Beira-Mar sentado e decidindo sozinho qual será a sua pena.

Na verdade isso tudo nem deveria acontecer. Eles próprios deveriam ter seus limites. Saber o que é certo ou errado. O que pode e o que não pode.

Ficar naquela desculpa que achou que podia, isso é papo pra boi dormir.

E pelo visto os bois vão conseguir sua soneca, e essa questão toda daqui alguns dias irá ser colocada em segundo plano, pois algo novo surgirá. Mais arrebatador, mais escandaloso.

E depois ficam falando que tem algo de podre no reino da Dinamarca. A Dinamarca é aqui. Ou melhor, ali, em Brasília.

Eu proponho também já que saiu uma listinha dos 20 deputados que mais viajaram ao exterior, que pegassem essa listinha e a reproduzissem nas próximas eleições ao lado de cada nome de deputado que estivesse disputando o cargo novamente. E digo mais, que se fizessem isso com todos os deputados. Senadores também porque não?

Aliás, dever-se-ia colocar um resuminho da vida de cada um, de em quantos escândalos esteve envolvido, de seus atos e desatos. De tudo um pouco. Apenas para lembrar na boca da urna quem é o cara mesmo.

Assim não pode continuar.

E eles tentam encenar que estão tentando moralizar a coisa. A coisa já deveria estar moralizada. Desde sempre. Tudo bem que não há santos. Mas não precisamos de demônios.

Tentar agora contemporizar não é uma atitude digna. Digna do cargo que ocupam. Não tem de haver acordo. Que acordo? Que de hoje em diante o neném não vai mais fazer isso? Já ouvi isso algumas vezes. E mesmo se for, amanhã estarão fazendo com outra coisa. Será com a gasolina, com o uso dos celulares (um já até fez).

O que me preocupa é que todos esses escândalos começam a colocar em cheque o nome maior, o nome da Casa e isso não podemos aceitar, até porque é a nossa Casa, é a Casa do Povo. E o povo somos nós.

A moralização se faz necessária. De forma clara, cristalina, transparente. E imediata.

Ficar arrumando jeitinhos não é o melhor caminho. Por isso mesmo Temer vem dando voltas e voltas no que acha certo fazer. Deixar solto que para viajar para dentro do país não se teria problema nenhum que não seria nem preciso pedir, pois já se teria autorização prévia da Casa, mas que para o exterior seria preciso da autorização da 3ª Secretaria é chover no molhado. Quem é a 3ª Secretaria? Faço idéia então da 2ª e da 1ª.

Lembro que existe um ditado bem famoso. Se Maomé não vai à montanha, a montanha vem a Maomé. Então seguindo essas palavras, os deputados que se sentem injustiçados por achar que temos que bancar a passagem da família deles até Brasília, por qualquer que seja o motivo, deveriam então, se sentem tão sozinhos a ponto de insinuar que queremos transformá-los em celibatários, como afirmou assim, Marcondes Gadelha (PSB-PB), eles irem até suas esposas, filhos e filhas, agregados, mães, pais, cachorros, papagaios, corujas, gatos e sei lá mais o que. É muito mais simples um ir, do que um batalhão vir. E na carteira do erário nem sem fala.

Querendo tem solução. É questão de respeito. Deles para conosco. Eles já ganham suficientemente bem, tem suficientemente recursos e regalias que não precisam inventar mais nada e podem quando muito abrir a carteira deles. Não a nossa. E parar de se fazerem de coitadinhos. Quem escolheu estar em Brasília foram eles. Que então arquem com as consequências de seus atos e vontades.

Remédio para isso tudo existe. Só espero que não sejam os mesmos achados num lixão no bairro de Bangu, zona oeste da cidade (ainda?) maravilhosa, dentro da validade e que seriam usados pelo Hospital Albert Schweitzer.

É aquilo, ninguém sabe, ninguém viu. Mistérios da meia-noite.

Mas enquanto não salvamos a saúde, não salvamos Brasília nem as bolsas do ProUni que deveriam ir para os mais necessitados...

Salvem as baleias. Não joguem lixo no chão. E não fumem em ambientes fechados.

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