Assim que comecei o livro tentei mentalmente me preparar para aguentar o rojão que viria. Até porque o relato seria algo real, algo verdadeiro, algo que aconteceu e a nossa sociedade fez questão de esquecer.
A autora através de uma linguagem direta com você (leitor) começa a incomodar desde o início. E acredito que tenha sido esse o seu objetivo. E um objetivo nobre de alguém que faz parte de nossa sociedade, vivenciou como todos nós esse dia, mas com uma diferença: a ela isso incomodou DEMAIS da conta. E foi isso com toda a certeza que a impulsionou a escrever não sobre o dia em si, mas sobre o que levou nosso protagonista a acabar aquele 12 de junho em plena zona sul da cidade dentro do ônibus 174.
A autora coloca em nossa cara o como a sociedade lida com fatos e como trata parte das pessoas que não moram na ladeira. E claro com as que moram.
É um desabafo da autora, mas que se torna nosso também. A não ser que você leitor seja desses que acha tudo normal e que um dia a coisa se ajeita. Ou que nada tem mais jeito mesmo e melhor deixar do jeito que está.
É possível sentir junto com a autora o seu sofrimento e com isso acabamos também sofrendo junto. No livro não há mocinhos, bandidos, romance. Há vida real e uma incognita que só a nossa sociedade poderá um dia responder ou dizer com atos de que ela se importa sim.
Minha única ressalva é algumas passagens terem ficado repetitivas, mas que não compromete em nada a leitura.
Mas quando você for ler e no final das 80 páginas você não tiver ficado nem um pouco mexido e incomodado com nada, releia o livro para não ficar igual nossa sociedade de hoje que acha que tudo passa, tudo passará.
Nota: 8,5
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